Cobra Canoa por Paulo Desana e Larissa Ye’pa
Cobra Canoa parte de uma narrativa presente nas culturas de diferentes povos indígenas do Brasil. Larissa Ye’pa apresenta o ponto de vista de seu povo, o Ye’pa Mahsã, onde, além de símbolo de resistência, representa conexão com a natureza e compreensão do mundo. A artista criou uma instalação com esculturas, pinturas e carimbos para pinturas corporais.
– A instalação chamada Cobra Canoa: Origem da Humanidade não é apenas uma obra de arte, mas uma representação de resistência contra a opressão e o apagamento. É uma afirmação da nossa existência. É um convite para que o público reflita sobre a importância da diversidade cultural e da preservação da biodiversidade – afirma Larissa.
A mostra apresenta, também, uma projeção em grandes formatos de retratos de habitantes da Amazônia feitos pelo fotógrafo e cinegrafista Paulo Desana. A série enfatiza a ancestralidade e a forma como os conhecimentos, passados de geração em geração, chegam vivos ao presente. Suas fotografias contemporâneas estão impregnadas de grafismos tradicionais de cada etnia, pintados por diferentes artistas, entre eles Larissa Ye’pa, com tintas fosforescentes.
– A ideia da luminescência é mostrar que o espírito do primeiro pajé, que sai da cobra canoa, se mantém nesse pajé da atualidade. Então, ele carrega toda essa ancestralidade de conhecimento até o agora. A ideia é mostrar uma manifestação dos antepassados se manifestando nas pessoas, seja pajé, benzedeira, artesã – afirma Desana.
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Larissa Ye'padiho Mota Duarte - Multiartista indígena do povo Ye'pa Mahsã (Tukano). Sua trajetória une artes visuais, cinema e expressões tradicionais das mulheres de seu povo. Sua prática artística incorpora cerâmica, grafismo, pintura e carimbos de madeira, traduzindo os saberes e a estética ancestral das mulheres Ye'pa Mahsã em obras que celebram e perpetuam sua cultura. Como articuladora da Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas (Katahirine), dedica-se à valorização das histórias e lutas dos povos originários, com um olhar especial para o protagonismo feminino. Atualmente, cursa Artes Visuais na Unicamp e participou do documentário Wehsé Darasé - Trabalho da Roça (2016).
Paulo Desana – Cinegrafista, fotógrafo indígena e fundador da Produtora Dabukuri Entretenimento, que se dedica a criar conteúdo audiovisual e arte visual centrados na cultura indígena. Seu atual trabalho é intitulado Pamürimasa - Os Espíritos da Transformação, se baseia na mitologia da Cobra Canoa e já foi exibido em São Paulo e Nova York. Participou de exposições em Rio de Janeiro, Belém, Brasília, São Paulo, Lisboa e São Luís.