Missão

Trabalhar pela memória, reconhecimento e valorização da arte popular brasileira, por meio de atividades de pesquisa, preservação e divulgação ampla de seu acervo, o mais representativo deste gênero no país.

O museu

Situado no Rio de Janeiro, o Museu do Pontal é considerado o maior e mais significativo museu de arte popular do país. Seu acervo – resultado de 45 anos de pesquisas e viagens por todo país do designer francês Jacques Van de Beuque – é composto por cerca de 9.000 peças de 300 artistas brasileiros, produzidas a partir do século XX. Em outubro de 2021, o Museu inaugura uma nova sede na Barra da Tijuca.

Foto: Beth Santos / Prefeitura do Rio

Foto: Manuel Sá

O Projeto da nova sede

Uma série de inundações, ocorridas de 2010 a 2020, e causadas pela construção de grandes condomínios no entorno do Museu do Pontal, colocou em risco o acervo artístico e histórico da instituição. A construção de sua nova sede em terreno livre na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, é o feliz resultado de um longo caminho de lutas, com grande solidariedade e apoio de pessoas, empresas e da mídia.

O espaço

Com 14 mil metros quadrados, dos quais 10 mil metros quadrados de área verde, área para piquenique e vista aberta para parte do conjunto de montanhas conhecido como Gigante Adormecido, que vai da Pedra da Gávea ao Pão de Açúcar, a nova sede está assentada sobre um terreno consolidado, livre de inundações, abrigando adequadamente seu raro e singular acervo.

Foto: Beth Santos / Prefeitura do Rio

Foto: Beth Santos / Prefeitura do Rio

A arquitetura

O edifício projetado pelos Arquitetos Associados, com 2.600 metros quadrados de área construída, abriga seis exposições inaugurais, que reúnem duas mil esculturas. O novo Museu do Pontal conta com uma cafeteria, loja e uma extensa programação para todos os públicos.

O paisagismo

O projeto de paisagismo assinado pelo Escritório Burle Marx ocupa uma área verde de 10 mil metros quadrados, de jardins internos e externos, que recebeu o plantio de dezenas de milhares de mudas de 73 espécies nativas brasileiras, de árvores frutíferas e vegetação tropical incluindo espécies adaptadas e da caatinga. A preservação da natureza é fundamental para contextualizar o acervo do Museu do Pontal, e várias espécies foram cuidadosamente transplantadas da sede histórica para a nova.

Foto: Beth Santos / Prefeitura do Rio

Sustentabilidade

A nova sede do Museu do Pontal foi projetada dentro do conceito de sustentabilidade, prevendo ações que gerem a redução dos seus impactos ambientais. Entre as soluções destacam-se os painéis solares que permitem à instituição alcançar a marca de 100% de energia limpa em seu consumo total. O projeto buscou ainda o máximo possível de iluminação natural, através de grandes janelas e portas de vidro. Além disso todo o jardim é regado com água reaproveitada das chuvas, que somado ao sistema de irrigação, gera uma economia de cerca de 80% no uso de água.

8500

Obras

300

Artistas

40

Exposições

400K

Pessoas no programa social

Histórico

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  • 1946

    1946

    O jovem pintor Jacques Van de Beuque, após fugir de um campo de trabalho forçado na Alemanha, onde ficou por dois anos, decide sair da Europa e viaja para o Brasil, incentivado pelo pintor Candido Portinari.

  • 1951

    1951

    Jacques vai a Recife, em Pernambuco, e conhece Mestre Vitalino e outros artistas de Caruaru. O ex-aluno de Belas Artes impressiona-se com pequenos bonecos de barro, que contam a vida do homem do sertão pernambucano.

  • 1974

    1974

    Compra um sítio no então longínquo bairro do Recreio, na zona rural do Rio de Janeiro. Com apoio de sua esposa, a tradutora e intérprete Edith Barragath, dá início às primeiras reformas do espaço, pensando inicialmente em usá-lo apenas para abrigar o acervo.

  • 1976

    1976

    Realiza no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a maior e mais completa exposição de arte popular brasileira. Foi um grande sucesso de público, com mais de 5.000 pessoas por final de semana.

  • 1986

    Após sucessivas reformas e ampliações, Jacques Van de Beuque finaliza a exposição permanente da Casa do Pontal. Reunindo um acervo de 3.500 obras em Exposição Permanente e 4.500 em Reserva Técnica.

  • 1991

    1991

    Parte do acervo é tombado como uma referência cultural da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil, por iniciativa de seu filho, o matemático e filósofo Guy Van de Beuque,que assume a instituição de 1995 a 2004, ano de seu falecimento.

  • 1995

    1995

    Para estar em consonância com os principais museus internacionais, Guy Van de Beuque, Angela Mascelani e outros profissionais transformam a Casa do Pontal em Museu Casa do Pontal. A partir de um plano diretor, foram criados setores de Restauro e Conservação, Educação e Atendimento Social, Pesquisa, Exposições e Comunicação.

  • 2000

    2000

    Falece Jacques Van de Beuque. No mesmo ano o ganhador do prêmio Nobel de Literatura, José Saramago, ao conhecer o museu, declara estupefato: “Como é que um homem de outra cultura, um dia desembarca aqui e reúne essas obras tão fortes, tão significativas da cultura do povo brasileiro. O que se reuniu no Museu Casa do Pontal é inimaginável”.

  • OrdemMéritoCultural

    2005

    O Museu Casa do Pontal recebe a Ordem do Mérito Cultural, principal comenda de caráter nacional, oferecida pelo Governo Federal e o Ministério da Cultura a pessoas e instituições com relevantes contribuições à cultura.

  • 2008

    2008

    Inauguração da sala de Exposições Temporárias GVB – Galeria de Arte. A proposta de ocupação prevê o recebimento de projetos que instiguem o público, oferecendo outras perspectivas e modos de ver e interagir com os mundos da arte popular e suas zonas de fronteira.

  • 2012

    2012

    O Museu do Pontal completa 35 anos de existência. Desde então, mais de dois milhões de pessoas já viram seu acervo, por meio das mostras que são sistematicamente organizadas no Brasil e no exterior. Milhares de estudantes visitam anualmente o museu e têm acesso a essa original e expressiva parte da memória das camadas populares.

Pêmios

2010

Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, categoria Preservação do Patrimônio Material.

2008

Menção Honrosa no Prêmio Darcy Ribeiro de ações educativas em museus, concedida pelo Departamento de Museus do Iphan, em cerimônia realizada no Congresso Nacional, em Brasília.

2008

Menção de Destaque para o Programa Educacional e Social no Prêmio Somos Patrimônio, concedido pelo Convênio Internacional Andrés Bello.

2007

Prêmio Culturas Populares, concedido pela Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultura do Ministério da Cultura, a instituições com atuação relevante em prol da memória e do fomento às culturas populares.

2006

Medalha Tiradentes, concedida à diretora do Museu Casa do Pontal, Angela Mascelani, pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

2005

Ordem do Mérito Cultural, principal comenda de caráter nacional, oferecida pelo Governo Federal e o Ministério da Cultura a pessoas e instituições cujas contribuições à cultura são relevantes.

2004

Certificação pela Unesco, pela atuação relevante em prol da cultura brasileira.

2002

Prêmio “Amigo das Escolas”, concedido pela Secretaria Municipal de Educação e RioTur.

2002

Certificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip)

2000

Prêmio D. Sebastião de Cultura 2000, outorgado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro.

1996

Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que o reconheceu como “melhor iniciativa no país em prol da preservação histórica e artística de bens móveis e imóveis”.

1991

Tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural do Rio de Janeiro.

Da França para o Brasil

Jacques Van Beuque

Nascido em Bavay, no norte da França, em 1922, Jacques Van de Beuque cursou Belas Artes em Valenciennes e Lyon, dedicando-se aos estudos até o início da II Guerra Mundial, quando passou a militar com outros jovens a favor da resistência francesa. Em decorrência disso, foi preso diversas vezes, sendo enviado para os campos de trabalhos forçados em Kiel, na Alemanha, onde permaneceu por quase dois anos. Em 20 de abril de 1944, alguns meses antes do final da guerra, Jacques conseguiu fugir da prisão.

Quer deixar a França, quer deixar a Europa. Precisa da luz, da natureza e do calor humano para esquecer os terríveis anos da guerra. Em Paris, conhece o pintor brasileiro Cândido Portinari. Ficam amigos, conversam sobre seus respectivos sonhos. Ouvindo-o, Portinari lhe diz: – “Vá para o Brasil. O Rio de Janeiro é lindo, tem sol, tem cores e as pessoas são muito receptivas!”.Com essas poucas informações Jacques embarca para o Brasil. Sabe que aqui, na época, o mundo culto fala francês.Na França, o Brasil repercute como o país onde não há segregação racial.

A imagem de país das misturas raciais chegara a Paris por diversas fontes, entre elas a literatura de Jorge Amado. Para quem experimentou as dores nascidas da intolerância à diferença, esse parece ser mesmo o melhor destino. Desde sua chegada, Van de Beuque apaixona-se pelos objetos feitos pelas pessoas simples do povo. Começa então a viajar e adquirir obras, visita vilas e povoados, entrevista artistas e deixa-se cativar por suas vidas. Desenvolve com alguns artistas longas amizades. Ao cabo de quarenta anos constitui o mais consistente acervo da arte popular produzida na última metade do século XX.

Angela Mascelani

Liberdade e Fé

Guy Van Beuque

Guy Van de Beuque dirigiu e coordenou por 9 anos o Museu Casa do Pontal. Nasceu em 11 de março de 1951 na cidade do Rio de Janeiro e faleceu em 27 de janeiro de 2004, em Nova Delhi, na Índia. Matemático brilhante em sua juventude, aos 23 anos concluiu o mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ. Em seguida, ingressou no doutorado do Courant Institute of Mathematical Sciences, um dos principais centros de pesquisa em matemática e em ciência da computação do mundo, na Universidade de Nova York. Em 1975, sem ter defendido sua tese, mas com aprovação brilhante em todas as matérias, abandona a matemática, convencido de que “já era tarde para realizar algo inovador e realmente criativo nesta disciplina”. Segue para a França, onde frequenta o mestrado no  Institut d’Economie et Developpement Social da Université de Paris, Sorbonne. De volta ao Brasil em 1977, ingressa na Escola de Teatro Martins Pena e no ano seguinte cursa também a Escola de Dança para atores criada por Klaus Vianna. Lecionou matemática, por muitos anos na UFRJ. A partir de 1979, dedica-se realização de documentários, tendo recebido em 10 anos de atividades premiações nos mais importantes festivais de cinema e vídeo do Brasil. Seus principais documentários são: ABC Montessoriano, premiado no Festival de Cinema JB (1969); Arquive-se, premiado no I Vídeo Rio e no Festival Fotótica (1982); Terra Queimada de Sangue, no Festival Internacional de Cinema e Televisão do Rio de Janeiro/FestRio (1987) e A ultima que morre (1986), troféu Sol de Prata de Melhor Vídeo Educativo no RiocineFestival. Como roteirista, ganhou o Prêmio Kodak, em 1987, com o roteiro do longa “Hans Staden no país dos tupinambás”.

Dotado de forte curiosidade intelectual e com uma formação científica e humanista rigorosa, transitou por várias unidades da UFRJ (História, Biologia, Comunicação). Após concluir um novo doutorado, desta vez em filosofia, transferiu-se definitivamente para o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais/ IFCS/ UFRJ, passando a integrar seu corpo docente. Seu livro “A experiência do nada como princípio do mundo” foi publicado postumamente, pois se encontrava no prelo quando de seu falecimento.

Os múltiplos talentos de Guy convergiram para chamar a atenção sobre as muitas maneiras por meio das quais o Museu Casa do Pontal, seu acervo fantástico e sua temática poderiam ser amplamente usufruídos pela sociedade. E não só este museu. Guy participava de diversos fóruns, de caráter nacional, discutindo formas alternativas de financiamento e fomento dos museus e de outros empreendimentos ligados à discussão e à promoção da cultura brasileira.  Esforçou-se para demonstrar que a guarda, conservação e difusão da produção cultural poderiam ser mais efetivas se existissem mecanismos capazes de assegurar às iniciativas da sociedade civil organizada outras formas de sustentação alternativas aos modelos público/privado.

Por intermédio de seu empenho e determinação, foi possível criar uma estrutura que transformou a Casa do Pontal, criada por seu pai Jacques Van de Beuque, no Museu Casa do Pontal. De uma exposição visitável, o museu transformou-se em um verdadeiro centro de discussão e estudos com o desenvolvimento de ações sistemáticas e relevantes nas áreas de educação e difusão da arte popular brasileira. Em 2002, graças à sua dupla formação em ciências e artes, coordenou a criação e a implantação do portal da arte popular brasileira na internet, além do website do Museu Casa do Pontal, estabelecendo um espaço permanente de difusão qualificada da cultura e da arte popular brasileira.

Em homenagem a ele foi fundado, em 2008, um novo espaço expositivo no Museu Casa do Pontal, que recebeu o nome GVB Galeria de Arte. Trata-se de uma galeria voltada para a realização de exposições temporárias. Ela se destina à recepção de projetos que provoquem o pensamento sobre fronteiras e apropriações na arte. Um lugar para propostas que visem diálogos e confrontações com as artes estabelecidas, as vanguardas, as artes moderna e contemporânea, o pensamento e a crítica de arte, de forma a permitir que a criação artística seja pensada e vista por múltiplos ângulos, considerando suas diferenças e especificidades.

Angela Mascelani

" No tempo sem tempo da atualidade que insiste na volúpia de tudo preencher com imagens para que nada seja visto, é preciso criar espaço e tempo para determinar aquilo que tem o poder de acordar os sentimentos, revelar os valores mais humanos, criar uma ponte onde tudo separa. "

— Guy Van de Beuque