O Museu do Pontal inaugura no dia 12 de novembro, às 15h, a exposição Djalma Corrêa – 80 Anos de Música e Pesquisa. A mostra é resultado do trabalho de preservação do Acervo Djalma Corrêa, desenvolvido nos últimos anos pelo próprio Djalma, seu filho, José Caetano Dable Corrêa, Cecília de Mendonça e equipe. A exposição reúne fotografias e gravações do acervo do músico e dá destaque ao seu precioso trabalho de pesquisas de sonoridades africanas e afro-diaspóricas. Cecília, que está desenvolvendo pesquisa de doutorado sobre a trajetória e o acervo do músico, assina a curadoria compartilhada com Angela Mascelani e Lucas Van de Beuque, diretores do Museu do Pontal.  

Considerado um dos maiores percussionistas da música popular brasileira, Djalma Corrêa nasceu em 1942, em Ouro Preto, Minas Gerais, e iniciou sua carreira como baterista em Belo Horizonte. Bem jovem seguiu para Salvador, Bahia, onde criou o grupo Baiafro, que se propunha a fazer uma releitura contemporânea de temas da diáspora negra. 

Baiafro tornou-se um conceito que Djalma carrega em todas as suas experiências musicais. Outra marca de seu trabalho é a música espontânea, aquela feita de forma livre, sem regras, na troca e na escuta entre os músicos. Com sua riquíssima percussão, Djalma abriu novos caminhos e participou de centenas de gravações dos mais importantes nomes da música brasileira e internacional. Com Gil, Gal, Bethânia e Caetano, integrou o espetáculo Doces Bárbaros. 

Dentre inúmeros festivais em que esteve presente, em 1977 Djalma participou do II FESTAC – Festival de Arte e Cultura Negra, em Lagos, na Nigéria, acompanhando Gilberto Gil. Durante cerca de um mês na Nigéria, entre janeiro e fevereiro de 1977, eles participaram e acompanharam a programação deste evento de grandes proporções, que recebeu cerca de 16 mil participantes, representando 56 nações africanas e países da Diáspora Africana. Foi uma experiência incrível, que possibilitou aos artistas brasileiros conhecer a música tradicional de diversos países africanos e também ter contato com sonoridades da África contemporânea, como a Juju Music e o Hi-fi.  

Djalma fez muitos registros dos grupos que se apresentavam, das feiras de rua, da arte em muros e parques de Lagos. Alguns desses registros estão presentes na exposição, assim como parte da documentação de festas populares feitos no Brasil nos anos 1960 e 1970. Nessa época Djalma viajou por 11 estados das regiões Nordeste, Norte e Sul do país, registrando, em áudios, fotos e vídeos centenas de grupos tradicionais, festas populares e festivais de folclore. 

A exposição é fruto da parceria entre o Museu do Pontal e o acervo Djalma Corrêa, levado à frente pelo filho do artista, José Caetano Dable Corrêa, e parte de um projeto contemplado pelo Programa de Fomento à Cultura Carioca da Secretaria Municipal de Cultura/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. 

 

Abertura da exposição Djalma Corrêa – 80 Anos de Música e Pesquisa – 12 de novembro, 15h  

Conversa com Cecília de Mendonça e José Caetano Dable Corrêa sobre o Acervo de Djalma Corrêa: pesquisa e ações de preservação. 

A proposta da atividade é apresentar o acervo do músico trazendo um breve histórico das ações de preservação mais recentes e um aprofundamento sobre a Coleção de Culturas Populares, primeira coleção organizada do acervo por meio do projeto “Acervo Djalma Corrêa: Música e Cultura Afro-brasileira” (2019-2021), desenvolvido pela associação cultural Balafon com apoio do programa Rumos Itaú Cultural, que teve como foco principal a identificação, descrição e digitalização de parte do acervo do músico. 

Após a roda de conversa será exibido o registro audiovisual do show Candomblé 40, idealizado e produzido em 2017 por Roberto Barrucho, com pesquisa de Natália Grilo, para comemorar os 40 anos de lançamento disco Candomblé. Djalma Corrêa subiu ao palco com os músicos Rodrigo Maré e Thomas Harres para recriar temas gravados no disco, como cânticos rituais Ketu e de outras nações africanas que aqui chegaram, além de conduzir a criação da música espontânea.